quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Vago

No meio do caos, uma dor
no meio do amor, uma cor

Num breu celestial
uma solidão que mata
uma solidão que falta
senhor que maltrata
que mata sem faca
que foge pela estrada pacata

Visões do além
que vem
me olha e me contém

Que chega e fica
me olha e me anima
suspira sem mira
que ofusca sua rima

Falta um olhar aqui
não quero ter que fugir
sem ninguém, sem ti

Vivo por esperar seu olhar
vivo por ter que te encontrar
sinto sua vida me tocar

Com sorte e sem toque
com fome da morte
vejo além, vamos para o norte

Venha solidão
tenho em mãos um lampião
lhe amo, sem pisar ao chão
crio asas, a imaginação

Seu rosto quero tocar
quero em seu rosto vagar
seus olhos, olhar
e então me apaixonar

Poeira do tempo.

Sob fortes desejos alheios
Me domino ainda mais perante olhos incandescentes
Diante essas mentes dementes 
Meu coração se aflige por tanta abstinência humanitária
Meu corpo paralisa e se junta aos excrementos

“A cada momento de solidão me sinto cheio de virtudes
A solidão me devora, minha amiga e amável companheira
Faço necessário o ócio, mesmo que distante de muito 
Construo meu ego, meu caráter, e loucuras abstratas
Enquanto todos dormem,  observo-lhes”

Humanos errantes e degradantes expurgos
Humanos farsantes e amorosos estúpidos

Desacreditado e mal visto, pobre meio termo interrogativo
A visão de dependência amorosa e social 
A visão egoísta tapando o medo da solidão
Erros nunca corrigidos, porém sempre esquecidos  

Quando viveremos numa margem sentimental intocável e infalível ?

Vejo o quanto as pessoas não reparam nos olhares
Vejo o quanto as pessoas esquecem, que o corpo é uma arte mística

Há duas noites, vi uma estrela cadente 
no meio da cidade se desprender de outra estrela numa noite linda

Quantos viram isso ?

Não enxergamos nada além dum reflexo no espelho ?
Anencéfalos felizes

Seremos cegos 
Seremos poeira do tempo
Seremos história da vergonha
Seremos os males de um vão

Subjeção ao seu Deus ...

Fosco ar, para amar [...]

A névoa vem chegando
Vem tomando conta dos corações apaixonados
A névoa vem nos abraçar
O tempo frio vem segurar um duro coração
Que ferve em noites de garoa fina
E o sereno vem serenar
E as árvores dançam ainda mais
A carência se dissipa pelo úmido ar
Mãos geladas querem se aquecer nesse luar
Parece recomeçar
Parece se abrir novas portas da corte
Ainda conhecemos lugares distantes
Onde carros não vão
Então sonhos poderão escorrer
Junto as águas de um belo rio
Tomarão conta daquele verde opaco
Os sonhos se aquecerão em nossos peitos
E ouviremos um leve som de um dedilhar
Vindo das montanhas escondidas na névoa
E um pequenino vaga-lume
Se perderá em nossos olhares
Acenderemos as chamas do frio
Estamos em busca do conforto
E ao certo
Nunca saberemos por onde caminhar
Descalços no frio
Espremidos pelo ar gelado
E leve sobre as nuvens impacientes
Nesse céu sublime
De foscas estrelas
Vigiadas por olhos carentes

Meu brado, minha imensidão.

Um surdo coração
Uma voz sem tom
Agora chove seus cabelos
E eu me banho como uma criança
Feliz na rua
Andando sem direção

De que terra brota nossas obrigações ?
Quero rolar com seu corpo por esse solo
desumano e dilacerador de sonhos

Vamos gritar
Vamos expelir a alegria através de nossas bocas e gestos
Quero te ver fugir de mim
Com um leve sorriso no rosto
Ainda sim esperando por mim

Quero me lembrar desse sorriso irrequieto
Quero que tente fugir de meus braços
Sussurrando pelo meu afago

Lembras da marca que deixastes em meu peito ?
Pois vem pra perto de mim minha pequena
Meu peito necessita de teu repouso
Tenho em mente todos os retratos
Da sua linda face, expressada por um sereno sorriso
De um leve sonho,
De nosso grande amor

No meio desse silêncio
Só o que me importa
É a imensidão e o brado de seu feliz caminhar

Opaco amor

Doce enigma
Doce voz
Que plana em meu olhar
Veja essas paredes brancas
O branco da paz, que grita
Que berra e se esgoela
Homicida
Tortura e perturba o ócio
Me cansa a fonte do amor
Me cansa a fonte da dor

Doce enigma
Doce voz
Que perambula pelas estrelas
Veja esse céu que morre e nasce
Aquele azul que nadas, e o preto que lhe mata
Vem e vai, uma interrogativa suicida
Pura, que alucina
Andemos de bicicleta pelos parques
Um pássaro que nasce
Caça, e evita a desgraça

Torpe e enorme
Mundo que dorme numa suave morte
Tremula, olhos que movem
Insensatez capaz de fazer correr
Sem rumo, sem voz, sem se opor a nossa dor

Comece a jogar
E se morrer, recomece a andar
Apanhe sorrisos e avisos
Apanhe dor e forças
Revitalize sua calma

Nossa arma
Que devora
Que faz voar por entre as copas verdes

Nos enlouquece e nos adormece
Viva nossa loucura, enaltece nosso amor
Vamos gritar de dor
Vamos gritar a todo vapor
Ame, meu amor

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Indo Além



Sinto muito
Me desculpe por amar
Sinto muito
Me desculpe por odiar
Vida como viver-te?
1, 2, 3, 4 ...
Olhos opacos nessa imensidão de luz
Olhe por todos os lados
Carência, Dor
Alegria, Amor
Renascimento, destruição
Poetas e profetas
Deus e a humanidade
Sinta a dor do nada
Inexistência que te devora
Persistência que se evoca
Prossiga por este corredor
De sombras torpes e fortes
Veja o caminho que se afunila
Pare, pare de caminhar
Pare, pare de ouvir
Pare, pare de falar
Pare, pare de respirar
Para, pare de olhar
Morra só
Fantoche, agora que és só
Lamente, sua inútil carne
Devora o mundo
Agora corre e foge
Das atrocidades e de seu ego
De seu amor, da sua dor
Agora foge contra si
Cria asas encharcadas de sangue
Pois tirastes sua vida
Não é mais como poderias ser
Ouvinte de seu próprio elemento
Ferve seu sangue
Gritas como trombetas do mal
Teu coração
Sinta-se só
Sinta-se só
Sinta-se sem ninguém
Sinto o vazio do mundo
Sou só
Sou Deus
Sou além
Sou ninguém
Miséria, caos
Alento que cria heróis
Alento que depois corroem
E faz filhos, pais e mães gritarem a desgraça aos céus
Somos a glória de nós mesmos
Somos a glória do mundo
Somos monstros de nossos sonhos
Somos pragas de uma geração
Não será monstros ou aliens
Heróis ou exércitos
Não será demónios ou anjos
A água ou o fogo
Terapeutas ou inimigos
Amigos ou aflitos
A cidade ou o campo
O vírus ou a cura
Lágrimas ou gargalhadas

Tudo se confunde
Não é amor que destrói
Não é ódio que ergue
Não é ele ou você

Sou Eu
A vida
A fonte
A iluminação de diversas dimensões
Não preciso ter alguém
Não preciso ser o que queres

Sou sangue
Sou o sol
O mar, do rio me levará
Sou tudo que sou
Sou paixão
Sou forte como rochas
Devoro forças
Sou feito de água
Sou feito de terra, aço, ar, fogo, solidão e paixão
Sou nada
Sou tudo
Tenho vida
Tenho a morte
Verde que me cobre
Transparência que cai do alto
Vejo cor dos sonhos infinitos
Ouço vozes e exércitos das rochas
Coragem que pulsa
Olhe lá embaixo naquele fundo lago
Onde descanso só
Como quero
Como sou
Só, sem nó, sem dó
Como quero
Como sou
Feliz e sem sucesso
Sem mundos e sem planos
Contudo sou humano
Que amo
Que amo

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ouça


Ouça a fúria dos céus
Mas ainda sim ele sorri com raios lá no horizonte ...
Sinto os erros escorrerem pelo meu corpo nesse banho de chuva
O olhar inocente de anos atrás entram pelo bueiro abaixo
Sinto os sentimentos da nova era
O poder de cobiçar um amor invisível
Nunca um homem no mundo será feliz
Nunca uma paixão será o bastante
Nunca o poder da mudança, lhe consumirá
Palavras residentes em mente, se desfazem num piscar
Não existe um segredo para a felicidade
Não existe um dicionário ou uma enciclopédia que nos decifrará
Os magos já podem se matar, as feiticeiras já sumir
Pozinho mágicos já foram extintos de nossa geração carente
Uma geração acanhada pelo medo de perder, pelo medo de aprender
Já o horizonte a tempos se tornou sim um abismo
Jovenzinhos não vão até lá com medo de cair [...]
Eles não se molham na chuva com medo de adoecer
De que adianta sua idade se vives cercado de adultos ?
Adultos vão nos guardar em caixas de alumínio
Vamos explorar o amor, o horizonte está ficando cinza
Será tarde para atravessar o arco-íris depois que a chuva passar
Corra, lá no fim existe um castelo
Lá poderemos ouvir sons de um maravilhoso piano de calda
Órgãos, Arpas, flautas, violoncelos e violinos
No salão principal chove como lá fora
E quando a noite chega, estrelas, constelações iluminaram seu interior
E ao fundo uma linda e suave vóz nos fará dormir. 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A boca da vida .


Estrelas e estrelas
Estas enfeitam o céu
O vento escasso, parece vegetar na copa das arvores.
Nossos passos desenham o asfalto
E no embalo, tragos afoitos.
Se desdenha palavras angustiantes
Falta fôlego para prosseguir
Falta fôlego para subir.
Lábios desvairados
Injetam palavras agonizantes ao ar
Olhos se encontram de formas distintas
E horas se passam.
Em momento de descontração
Aparentemente dispersos de um fato isolado
Que surge uma alma embriagada da vida
Que surge um corpo inquieto e aflito
Lentes de grau postadas acima das narinas
Fazia questionamentos, e ao nos escutar
Inclinava levemente seu rosto para frente
E nos olhava atentamente por cima dos óculos
Entre palavras e outras.
Aquele ser atormentado por bebidas
Cigarros e drogas a mais
Tinha uma razão para ser naquele momento
O pior de si ...
... era a partir daquela madrugada que chegara.
seu aniversário.
Da qual queria se esquecer
Pois hipócritas o abraçariam com falso moralismo
E ainda sim teria que ver sua tia amargurada e corroída pelo câncer
Lhe pedir mais um cigarro.

E Ela ...
Sentada a minha frente
De cabelos negros e extensos
Pele sedosa e quente
Com ouvidos apurados a escutar aquele homem
E seus olhos castanhos e miúdos a reparar nos
E aquela boca levemente farta
Sedutora e inquieta

Já o homem dizia :
- Vocês não entendem.

E ela abaixava levemente sua cabeça
Pressionava um lábio sobre o outro
Contraia sutilmente as bochechas.
Como se pensasse :
- E que venha novamente em minha mente a pessoa que mais amo,
Que cada vez mais, já não depende só de si. Queria por instantes esquecer, meus problemas.

O homem enfim, se foi embora.

E dali saímos, e para lá,
Logo voltamos.

E em nossas mentes só se passava :
- Como somos tão inúteis à tudo, a vida não é nada.

Parece nos restar uma única opção e ação.

Amar.

Apesar de tudo
Mais forte do que eu, é o meu eu.
Por que dizem que esta balança é forte e equilibrada
Parece pender para um lado, ou outro
As vezes impressiona-me por ir tão fundo o desequilíbrio
A angústia
O aperto no peito que sufoca; Comprime a espinha
... e arde os olhos
Por não ter
Por estar ali
Mas não ter

Tento entender como disse o homem.
Tento mesmo.

Tento me entender
Compreender

Tento fazer do tempo meu melhor amigo
Mas me sinto fraco
Sem motivos para fazer do tempo
O Manto que me torna além.

Aquele homem, a cada vez que dizia:
- Ninguém entende.

Sentia-me chicoteado pela moral
Sentia-me exprimido entre dois universos

Será mesmo que não entendemos ?
Não entendemos o sofrimento ?
Não entendemos palavras e olhares ?
Não entendemos o amor ?
Não entendemos a paixão ?

Mas o que dói mais ?
Ver um amado sofrer ?
Estar ao lado e mesmo assim estar tão longe ?

Como é entender ?
Como é sofrer ?
Como é se apaixonar ?

Como é Viver ?

Parecemos estar no mesmo barco.
Mas não ...
Vivemos em barcos distintos
Em navios fantasmas
Somos piratas de nossa própria vida
Vida
Viva

Ame.

Sem mais ...

Por que queres encontrar resposta para tudo ?

por que queres ter liberdade, sem questionar o "incompreendido" ?
por que queres amar, se não sentes arrepios ao ouvir uma linda canção ?

Aceitas fazer parte de tudo que lhe é dito que se é normal [ ... ].
Fazemos parte de uma sociedade ignorante
Fazemos parte de uma sociedade que não questiona
Fazemos parte de famílias que abominam
Estamos sendo baleados nos protestos
E os engravatados protegidos pelos mesmos que puxam o gatilho nas ruas,
os que realmente deveriam questionar suas funções
Valorizamos um calçado, e desprezamos as gentilezas
Valorizamos os status, e desprezamos uma mente alienada
Criticamos a racionalidade de um ateu
Criticamos a submissão de um cristão
Criticamos a questões de um indeciso
E então continuaremos a produzir ricos, burgueses
Mentes alienadas e ignorantes [ ... ].
Continuaremos alimentando nosso orgulho
Continuaremos alimentando o individualismo
Continuaremos alimentando um monstro que nos devora a cada dia.

Trataremos infinitamente com prioridade, nossas próprias prioridades.

A evolução tomou o caminho da cegueira,
a surdez acalma nossos sentidos,
e tão mudo estamos.


sexta-feira, 13 de abril de 2012

Incerteza ...

Quando se acha que já se viu de tudo
Quando se acha que já sentimos tudo
Simplesmente, ainda estamos por brotar, no meio do deserto
Quando achas que já falou de tudo
Palavras novas vêm a encantar minha mente por uma voz de algodão
Eu quero te ver ...
Quero te sentir
Quero estar em você
Veja esse lago de água cristalina
Sinta este vento frio e uma pitada dos raios do sol
... Sinta em seus pés esta grama úmida e fria
Olhe para as folhas secas que caem destas lindas árvores...
Somos tão inúteis perante nós mesmos
Incapazes de sermos capazes, com nosso próprio ser .

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

E que os "Jogos" comecem ...


Quanto vale tua Vida ?
Quanto vale tuas alegrias ?
Vale a pena lutar por um ideal ?
Vale a pena o espetáculo da vida ?

‘ QUE  ABRAM  AS  CORTINAS,
E  APAGUEM  AS  LUZES ’

Acontecimentos extraordinários cercam nossas vidas
E tão cegos estamos
Para que olhos para em enxergar o caminho
Se não tens consciência de si ?
Se não tens de si próprio, o conhecimento ?
Se não sabe para que andas ...

Realidade ou ficção ?
O que vês ?
O branco que tu vê é o mesmo que eu enxergo ?

As vezes parecemos tão reais e tão verdadeiros
Somos por vezes a falsidade de nosso consciente
E o vão de nossa existência
Os nossos sentidos nos levam a crer que vivemos em uma realidade
Nos leva a crer também que a humanidade é uma mentira de Deus

É tão fácil se culpar,
é tão fácil culpar Lúcifer,
e é tão fácil culpar a Deus

Estamos a beira do masoquismo
Estamos a beira do cume
que criamos de nossos costumes, com nossas palavras
com nossos olhares, com o nosso ego.

Afinal de contas onde está você ?
Afinal de contas, qual o propósito de piscar ?

Trabalhar para quê ?
Comer para quê ?
Amar, por quê ?

Matar para quê ?
Vegetar para quê ?
Odiar, por quê ?

Pra que jogar-se numa paixão ?
Pra que jogar-se na angustia numa escuridão ?

Vivemos apedrejando fatos alheios
Apedrejando atitudes de um semelhante
Vivemos apedrejando nossas vidas
Nos culpamos por estarmos só
Nos culpamos por sofrer, o que o outro nos causou
Aprendemos de tudo
E erramos ...

Após as cortinas estarem abertas
Ande sem medo do escuro
Procure a realidade
Ou pelo menos, desenhe em sua mente
E que os jogos comecem ...